Eu sou zero
Há dias em que só andar à chuva me satifaz. molhar os cabelos e sentir o cheiro da natureza líquida- purificante- a lavar-me a alma das dores mais ignóbeis que carrego. Talvez dormir debaixo das árvores. Há dias em que sinto que não valho nada, em que tudo o que fiz não vale nada. Tudo somado é igual a zero.
Eu sou zero.
Tenho medo de acabar como o meu pai. Tenho medo de acabar como a minha mãe. Tenho medo de acordar como acordo, cheio de dores e com falta de uma droga inominável que não tomo.
Eu sou zero.
Mordo os dias e mordo as mãos que se estendem. Sou um cão que morde as mãos que se lhe estendem em carícia.
Não estou habituado ao carinho.
Eu sou zero.
E a chuva, só a chuva me põe em paz.
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