segunda-feira, agosto 28, 2006

A Barreira Invisivel (The Thin Red Line)




Não resisti.
Para quem me conhece, sabe que eu spu um rapaz dado ás divagaçoes sobre o sentido da vida e sobre o que a espécie humana anda por aqui a fazer...

Ontem revi o filme A Barreira Invisivel, de Terrence Malick. Bem que o meu prof. de Literatura Norte-Americana (Joseph Mullin) me disse que este era um, senão o melhor realizador norte-americano contemporaneo, embora eu seja pouco dado a elogios balofos, sou obrigado a concordar.

Só largos minutos após o filme ter terminado é que as lágrimas me vieram aos olhos, de tão abananado que estava.

Os meus olhos seguiam atentamente cada plano, cada imagem da divina natureza, invadida pelo veneno da guerra. Os meus ouvidos e o meu coração (chamo coração ao sentido de pungência, ao inominável aperto de alma) registavam com profunda atenção os pensamentos mais intimos desses soldados tão humanos como nós.
A inevitável pergunta frente a tudo aquilo que nunca conseguiremos atingir: de onde surge toda esta beleza e ao mesmo tempo todo este mal?

Private Witt: This great evil. Where does it come from? How'd it steal into the world? What seed, what root did it grow from? Who's doin' this? Who's killin' us? Robbing us of life and light. Mockin' us with the sight of what we might've known. Does our ruin benefit the earth? Does it help the grass to grow, the sun to shine? Is this darkness in you, too? Have you passed to this night?

O que é esta barreira que nos impede de tocar o divino. Assistimos à beleza do mundo, a natureza, as relações humanas. E assistimos ao nojo.
Quem é este ser que nos porpocionou tanta beleza, mas que também nos permite que ela nos escorregue por entre os dedos?

Private Witt: We were a family. How'd it break up and come apart, so that now we're turned against each other? Each standing in the other's light. How'd we lose that good that was given us? Let it slip away. Scattered it, careless. What's keepin' us from reaching out, touching the glory?

Podemos sentir a glória, podemos vislumbrar o seu aspecto, as linhas da sua face.

O que nos leva a acreditar que estamos certos, que nos faz usar a mesma máscara, sempre. Agimos e pensamos que estamos certos, cientes do nosso motivo. E se fossemos confrontados com os pensamentos intimos de outro ser, tão como nós, como Witt o é ao "ler" os pensamentos do soldado japonês morto.

Japanese Soldier: Are you righteous? Kind? Does your confidence lie in this? Are you loved by all? Know that I was, too. Do you imagine your suffering will be any less because you loved goodness and truth?

Sensibilidade. Dor. Amor.
Tudo isto reside nos homens, em todos, sem excepção.

Amor?
Pvt. Jack Bell: Love. Where does it come from? Who lit this flame in us? No war can put it out, conquer it. I was a prisoner. You set me free.

Jack Bell descobre o verdeiro amor pela sua mulher. Ele diz : "Desde que aqui estou ainda não toquei numa mulher... "
Este "ainda" é denuncador de um comportamento anterior. Portanto opera-se uma mudança dentro do coração de Bell. Confrontado com a guerra, é a memória da mulher que o mantém forte.

Private Jack Bell: Why should I be afraid to die? I belong to you. If I go first, I'll wait for you there, on the other side of the dark waters. Be with me now.

Este amor, que subsiste à guerra, que subsiste aos nossos corações envenenados.

Private Jack Bell: My dear wife, you get something twisted out of your insides by all this blood, filth, and noise. I want to stay changeless for you. I want to come back to you the man I was before.

Também eu descobri esse amor.
Como Jack Bell, também estive longe do meu amor durante muito tempo.
A distância, a solidão, o meu coração também envenenado com a guerra da minha vida... Inseguro, fiz asneiras, o amor quebrou um pouco, mas voltou...
O amor verdadeiro
que permanece
como água essencial.

Pvt. Jack Bell: We. We together. One being. Flow together like water. Till I can't tell you from me. I drink you. Now. Now.

Essa invisivel barreira, porque existe ela?
Talvez não exista resposta.
Apenas o mundo.
Todas as coisas brilhantes.

Private Edward P. Train: Where is it that we were together? Who were you that I lived with? The brother. The friend. Darkness, light. Strife and love. Are they the workings of one mind? The features of the same face? Oh, my soul. Let me be in you now. Look out through my eyes. Look out at the things you made. All things shining.

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2 Comments:

At terça-feira, 29 agosto, 2006, Blogger Sofia said...

Sim, senhor. Vê-se logo que és um rapaz de Letras! :P

Olha lá.. e quando é que fazes aquilo que deixei para ti no meu blog? Ai ai!

Beijinho*

 
At terça-feira, 29 agosto, 2006, Blogger RicardoRuben (aka Rato) said...

Pois sou...:)
LOL, sorry, tava à espera que me mandasses aquilo de outras forma, mas então, cá vai... ;)

Beijinho**

 

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