terça-feira, agosto 22, 2006

a confusão de não saber que escrever depois (memórias do Algarve)

E depois? Depois do extase do mês, do fogo-de-artificio inventado para nos arrancar da monotonia dos nossos dias mundanos (em que nos sentamos em frente ao computador e esgotamos a nossa procura em cinco minutos, em que estamos no nosso trabalho, sentados à secretária, a ver o relógio parado parado parado), depois de termos sidos iluminados pela estrela dentro de nós - explosão cósmica que ilumina tudo - que fazer?
Lembro-me do tempo em que por esta altura estava a esturricar na praia dos Caneiros, no Algarve, perto de Portimão.Nesse tempo, gostava de não pensar em nada - gostava de me rir das parvoeiras que eu e os meus amigos faziamos. Iamos a pé para a praia e arranjavamos sempre algo para nos rirmos. Uma vez o Àlvaro armou-se em carapau de corrida e tentou fazer a descida para a praia (uma longa descida em estrada de alcatrão) de skate, toalha debaixo do braço, em tronco nú, calções e sandálias. Foi uma risota vê-lo a descer aquilo assim, toalha debaixo do braço e zás! Imaginam agora o que aconteceu depois? chão com ele. uma queda aparatosa que lhe esfolou os joelhos e os cotovelos. O mais divertido é que antes, durante e depois da queda não largou a toalha! Como se não bastasse, assim que chegámos à praia, enfiou-se dentro da água salgada! O que aquilo não deve ter ardido!

Lembro-me também dos mergulhos das rochas, em que nos atiravamos de cú, ao léu, calções só a tapar as partes mais sensiveis, e gritavamos "Clister" antes de aterrarmos numa autentica bomba, de cú no mar. Os gritos tinham também as variações "Galatasaray" ou "Fenerbache".
Á noite, passavamos horas a fio sentados no pub, a falar de música, de histórias, de coisas...
Um ano, o Breogan (espanhol doidivanas, onde estarás agora?) trouxe a guitarra e então era cantar e inventar canções brejeiras, imitar hinos do rock ou sinplesmente atingir a guitarra como cigano tresloucado.

Agora, tudo isso ficou soterrado pelos sedimentos da terra do tempo. Tudo isso partiu e talvez não volte nunca. Há mais de dois anos que não ponho os pés no Algarve.

Agosto para mim agora só tem um significado agora - trabalhar para ganhar umas coroas. Nada mais.
As praias deram lugar a um centro comercial onde a luz a sempre artificial, onde as pessoas andam vestidas e não de chinelos e calções e eu de camisa metida dentro das claças, de mocassins (o que eu destesto andar pipi!) e pose mais formal.

Não se admirem por eu não saber o que escrever aqui e estar para aqui a contar algumas memórias que me vão surgindo ao acaso, na confusão de não saber o que escrever depois de cada palavra, depois de cada momento em que olho para o monitor e que a hora ainda não passou.
Depois?
A verdade é que não sei que fazer depois.

(P.S: Setembro irá trazer-me de volta o ar do meu mundo)

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2 Comments:

At quarta-feira, 23 agosto, 2006, Blogger Vanessa said...

pois pois, mas o que tu gostas de ir trabalhar, delira com aquilo kilos e mais kilos de telefonemas faxes lolol

as saudades que vais ter disto ( ou nao )

 
At quarta-feira, 23 agosto, 2006, Blogger RicardoRuben (aka Rato) said...

ou não....:)Mesmo!
tou a brincar. eu gosto disto, só que ás vezes é uma seca de primeira.

 

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