segunda-feira, outubro 20, 2008

O amor indesejado

Os desejos do coração são insondáveis. Não sabemos que secretos desígnios o animam, nem suspeitamos os desenhos diabólicos que são urdidos em silêncio quando o sangue circula dentro dele. Todos os sentimentos são abstractas realizações de uma vontade, e não o contrário. O coração não manda. É esta a mentira que me digo todos os dias, tentando convencer-me da abstinência ao amor. E eis que sucede a maldição. Como inusitado banho de ouro, quando apenas água se quer, eis que me surge alguém a confessar-me o seu amor por mim. Presente que não se quer, oferenda que abre campos de possível felicidade ante mim - mas que não desejo. O corpo leva a melhor e maldosamente se aproveita da situação. Acreditaremos que no início era inocente. Depois a culpa. Depois a culpa. Dissimular a atenção a palavras indesejadas, ser doce só por ser. Enfrentar os olhos de esperança e cortá-los com palavras faca, necessariamente.Protectoramente. Como arruinar sonhos, vãs esperanças? O amor indesejado.

1 Comments:

At segunda-feira, 27 outubro, 2008, Blogger Adam Rex said...

Cf: http://oreisemtrono.blogspot.com/2008/09/pensamento-da-noite.html

 

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