domingo, novembro 02, 2008

"A Farewell to Arms" - Ernest Hemingway

a farewell to arms

Embora a obra deste escritor norte-americano tenha sido menorizada nos dias de hoje, nos meandros académicos, devido a subtilezas da nova ordem moral do bem pensar, continua a ser um marco na história literária do séc.XX.
Deixando de parte julgamentos acerca do tratamento dos animais ou do tema da caça, devemos ler este livro como uma experiência de desilusão. Neste caso de desilusão com a guerra.
Hemingway é destes autores que,com uma simplicidade contundente, nos provoca com as suas personagens desajustadas, alienados no mundo caótico da primeira guerra mundial.
Para um leitor contemporâneo, a tentação de tecer juízos morais é muito grande, mas devemos ser nós, leitores, o livro aberto que lê este outro livro sem expectativas.

Frederick Henry é um jovem americano alistado como voluntário para conduzir ambulâncias em Itália, durante a primeira guerra mundial. Encontra-mo-lo ainda um pouco iludido, um jovem com uma ideia aventureira de guerra, longe da realidade dura e cruel. Apaixona-se pela enfermeira britânica Catherine Barkley, iniciando um romance em tempos de guerra, lutando pela possibilidade do amor.
Tudo isto muda quando Henry é ferido em combate e inicia um longo processo de convalescença, que paradoxalmente o une mais a Catherine e mais o afasta da guerra.
Depois da convalescença, nova experiência de guerra, também ela um falhanço. Desta feita, o derradeiro encontro de Henry com tal vil realidade provoca nele uma repugnância tal que decide nunca querer mais nada com a guerra. Nunca mais. Foragido, a sua vida com Catherine é fugazmente feliz, até que acaba na tragédia que se adivinhava.

"Farewell to Arms" é um romance pacifista no sentido de nos ensinar os horrores arbitrários da guerra, assim como ensina ao seu protagonista, o sofrimento sem sentido a que submete todos os que nela participam. É também um livro de camaradagem, no sentido mais simples do termo, sem grandes politiquices à mistura. Um livro sobre a grande inutilidade da guerra, pois se o lermos com atenção, registamos a mudança amarga no coração de Henry, que começou com muito, e acabou com nada.

Incontornável.

(Venham todos os académicos e críticos atacar-me agora)